quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Imaginário XLVI

Ela só o conheceu a ele. Nunca pôs a hipótese de que as coisas fossem diferentes. A vida não era fácil mas - vá lá - não passavam dificuldades. Dedicava-se ao marido, ao filho, à casa, ao emprego. Se vivesse assim para sempre morreria feliz. 
Mas as coisas foram diferentes e um dia ele decidiu que ela não era suficiente na sua vida, que queria mais,mesmo que não soubesse o que "mais" era.
Naquele momento ela viu anos da sua vida irem pelo cano, despejados por um desconhecido. Afinal ela não conhecia o homem que tinha escolhido para seu companheiro, pai do seu filho e dos que poderiam vir. Pior que isso: desconhecia-o totalmente.

Ele só a conheceu a ela. Pensou ser feliz com ela. Ela fazia-o lembrar-se das mulheres da sua terra, lá no interior: dedicada à casa, ao marido, ao filho, capaz de suportar qualquer coisa calada. Ele conheceu outra pessoa. Era paixão que violentava a razão. Largou tudo por outra pessoa. Era a nova vida, o sonho. O sonho que depressa se tornou um pesadelo. tudo o que largou e despejou por um cano tinha ido. Até a mulher que até certa data era a única que ele tinha conhecido. A mulher que o fazia lembrar as mulheres  da sua terra e que independentemente do que ele fizesse o aceitaria de volta. Afinal ele não conhecia a mulher  que tinha escolhido para companheira, mãe do seu filho e dos que poderiam vir. Pior que isso: desconhecia-a totalmente.

... e só eles sabem como viveram depois disto. Fim.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Imaginário XLV

Era uma vez (porque todos começam por "era uma vez"). Dessa vez foi porque se esperava que as coisas estivessem diferentes, sabe-se lá, às vezes...
Mas as coisas não mudam. Quem muda são as pessoas.

As pessoas estavam iguais.

Fim (porque todos os contos terminam com "Fim")


(originalmente publicado aqui)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Imaginário XLIV

Mais um dia de trabalho. Mais um? Não, não mais "um".
Rafael chegou cedo - como em todos os dias. Extremamente pontual na chegada e nunca preocupado com a hora da saída.
A calma dele, aquela calma que fazia com que tivesse sempre um bom desempenho, aquele sorriso tímido que arrancava sempre uma resposta favorável, o modo assertivo de falar... Muitos colegas o invejavam pela proximidade distante que mantinha, sem saberem que não era forçada, era característica do seu feitio. Sem saberem o quanto ele gostaria, secretamente, de ser mais sociável, mais extrovertido, menos calado.

"Mais um dia de trabalho",
pensou Rafael,
"vai ser só mais um dia de trabalho, ninguém se vai lembrar, não terei que fingir. Só espero ter a prenda que quero".

"Parabéns Rafael!"
Gritaram todos os colegas quando ele entrou na sala do café. Seguiram-se os abraços, as pancadinhas nas costas, as piadas
"Hã, mais um ano.. menos juízo, já se sabe"
"Então, a tua gaja? Embrulhou-se só para ti?".

Estava tramado.

"Rafael, então, pá? É só mais um ano, pá, um sorriso é só o que se pede, homem! Parece que vieste para um funeral, caramba!"

Rafael sorriu, forçado. Precisava de um canto para se enfiar, onde pudesse estar sozinho. Casa de banho. Na casa de banho pode sempre estar-se sozinho. Entrou. Escolheu a divisória mais afastada da porta. Sentou-se na sanita, trancou a porta. Pôs os pés para cima. Pegou no portátil e começou a trabalhar. Era escusado. Ia falar ao chefe. Não podia estar assim.

Saiu da casa de banho. Pousou o portátil em cima do balcão, abriu a torneira. O barulho da água acalmava-o. Arregaçou as mangas da camisa, inclinou-se para a bacia, olhando sempre olhos nos olhos no espelho. Olhando-se nos olhos. A si próprio.

"O que andas a fazer, Rafael?"
perguntou-se enquanto mergulhava a cabeça debaixo da água que corria, fria.
"O que andas a fazer?"

Secou-se. Aquela situação andava a arrastar-se há demasiado tempo. Já nem sabia onde estavam.
O que começou com um beijo fugaz na sala das fotocópias havia quase 2 meses tornou-se fogo, queimava, prendia e libertava e ele não sabia como tinham chegado ali. Já não sabia se era por vício. Já não sabia se era por curiosidade. Só sabia que o desejo da carne era insuportável. A necessidade de a ver, falar com ela. A necessidade de a tocar, de a sentir.
Tinha que falar com ela. Porque para ele não passava de carne: ela dava-lhe o melhor sexo que ele alguma vez tinha tido, sem drogas, sem álcool, sem nenhum tipo de subterfúgio. Sexo, bom. Não, bom seria pouco. Sexo muito bom, como nunca tinha pensado que existia. Era apenas isso. O resto não estava programado.
Ele queria uma mulher "normal". Dona de casa. Boa mãe, com valores. Ao mesmo tempo não queria pensar isto, mas para ele era incompatível que ela fosse excelente na cama e boa mãe de família. Ela queria ter duas: a Marta para aquele sexo do outro mundo e uma rapariga que nem precisava ser linda e boazona, bastava que fosse meiga, inteligente e boa dona de casa - como a mãe dele.

Marta abordou-o no corredor, quando ele vinha ainda a secar o pescoço com o toalhete de papel:
"Preciso falar contigo".
Rafael empalideceu. Encostou-se à parede. Não era de rezar, mas rezou. Rezou porque aquilo era apenas sexo. Nem paixão havia. Sexo. Uma queca fabulosa, um cigarro no fim, o banho. O "Até amanhã, no escritório" sem um beijo sequer.
"Estou grávida."

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Imaginário XLIII - Imaginário?

A - Olha...olha! Bons olhos te vejam!!

(tradução: dassss, que é que estás aqui a fazer??? Encontros inesperados, twilight zone moment)

B - Epá... estava longe... bom dia! Por aqui?

(tradução: Wtf? Agora já não dá pra virar costas. sorrir, sorrir, vá lá sorri.)

A - É verdade! E tu? Por aqui??

(tradução: Olha o meu ar "surpreendido"... eu com tanta pressa, espero que não comecemos com conversas da treta.)

B - Pois pá, diz que quem é vivo sempre aparece, não é verdade?

(tradução: 5 minutinhos de conversa deve chegar, espero. Umas quantas redundâncias e passa depressa.)

A - Pois é, pois é... Epá estás na mesma!

(tradução: Fogo, já te viste bem ao espelho?)

B - Na... não digas isso: uns quilitos a mais, uns brancos já bem enraizados... o tempo passa por aqui. Mas olha que tu... ninguém diria que passaram quê? ... 15 anos?

(tradução: Mas não tens olhos na cara? Engordei à brava! Só podes estar a gozar...)

A - Não mais, mais... mas olha que por aqui o caruncho também já atacou. Então e conta lá as novidades! Tens miúdos? Os teus pais? Os teus avós ainda são vivos? Os teus irmãos, tios... e o resto do pessoal?

(tradução: Afinal vai ser rápido, já estamos na fase de perguntar pelos adjacentes. Ufffffffff)


B - Os meus miúdos já são graúdos, ela não quis estudar mas instalou-se bem num negócio de artesanato, é uma artista nata, ele seguiu engenharia e lá anda com a cabeça enfiada nos livros, a avó já lá está, o avô aguenta-se, obrigada. De resto tudo bem, pais tios, irmãos, sobrinhos... E os teus?

(tradução: Deves ter muito que ver com isso, deves. Quando te liguei a dar as boas novas nem respondeste à mensagem que te deixei no gravador de voz, sim, porque não te dignaste a atender!)

A - Eu fui fazendo montes de coisas, nunca assentei.

(tradução: Epá, não me apatece nada mesmo nada prolongar este sofrimento...)

B - Ahh, pois, compreendo. E fazes o quê agora?

(tradução: Ya, a vida deve ter-te corrido mesmo bem, ya, "nunca assentei"... boa desculpa para quem não quer dizer que ninguém te quis, essa é que é essa. )

A - Nada. Quero dizer, nada de importante. E tu?

(tradução: Deves estar à espera, deves. Pois se não dizes eu também não digo.)

B - Olha, o mesmo!

(tradução: Bem, parece que vamos começar a tocar a mesma tecla.)

A - Pois é, pois é... mais de 15 anos... o tempo passa caramba!

(tradução: O tempo passa, estes 5 minutinhos estão a parecer uma eternidade, e se fôssemos à nossa vidinha?)

B - É verdade, é verdade, é mesmo.

(tradução: Grande seca. Mais um minutinho da praxe e vou.)

A - Estou a adorar falar contigo. Vamos ali à espalanada aproveitar o sol e pôr a conversa em dia?

(tradução: Chegou a hora de nos despedirmos, não? Já fizemos a conversa da treta e chega, certo?)

B - Adorava, adorava mas fica para outra altura. Preciso mesmo de ir.

(tradução: uffff, estava a ver que tinha que ser eu a tomar a iniciativa!)

A - Tudo bem, claro! Eu também estou com pressa. Xiii, dois dedos de conversa e as horas que já são!! Vou mesmo.

(tradução: Finalmente falamos a mesma linguagem!)

B - Realmente...! O tempo passa mesmo depressa. Bem, então a gente vê-se?

(tradução: "Vê-se" assim looooonge e nunca mais, certo?)

A - Claro! Voltamos a cruzar-nos por aqui? Venho aqui regularmente.

(tradução: É que vai ser já a seguir. Só mesmo se esbarrarmos outra vez.)

B - Oh, então encontramo-nos certamente, passo aqui a vida...

(tradução: Quer dizer que nuuunca mais?? YES!)

(Despedidas)

A e B - Até à próxima, adorei encontrar-te!

(Então até nunca mais!!)

sábado, 10 de outubro de 2009

Imaginário XLII

Rufam os tambores.

O trapezista está tenso. Quanto mais salta mais confiança tem bem como mais certeza e consciência da perigosidade do salto.

Rufam tambores.

O trapezista olha, mira, avalia, sorri de nervos, sorri de felicidade - ele gosta de saltar.

Rufam tambores, não pode ali ficar para sempre no alto a segurar o trapézio. Tem que saltar, só assim tudo sai do suspenso e volta ao normal. É sua responsabilidade terminar: a sua apneia, a do público.

E se...? E se este é o último? E se for o último? E se... E se eu não pensar e fizer o que sinto e como sinto? E se a rede falha? E se a mão escorrega? E se tudo corre bem e termina como sempre num ruído de palmas entusiastas que lembra o mar agitado de ondas a bater nas rochas ... E se eu perder o medo e for em frente?


Quem no público olhava estarrecido o trapezista não imaginava o medo que ele tinha da altura, de cair, de escorregar, do balancé do trapézio. Via aquela figura imponente no alto, corajosa que fazia parecer fácil o malabarismo corporal no ferro balouçante. Via aquela figura segura sem medo que inspirava.

E ao som de um prolongado "ahhhhh" do colectivo extasiado o trapezista saltou e balouçou e fez o seu número sem nunca ninguém perceber mesmo sem ele esconder o medo que tinha de desapontar o público.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Imaginário XLI

Esta é a história de um grão:

Era uma vez um grão de cereal que conseguiu fugir da saca na hora de ser despejado na mó de baixo.
O grão fugiu, fugiu, correu, correu, fugiu, fugiu, correu, correu e conseguiu chegar à mó de cima. Estava já tão longe que feliz da vida já nem se lembrava dos outros grãozinhos seus amigos e irmãos que estavam a ser esmigalhadinhos pela mó de cima, aquela onde ele estava tão são e salvo - pensava ele.

Basófias como era só lhe faltava uma coisa: outros grãos para ver a sua glória, a glória de estar na mó de cima. E enquanto por ali andava a ver se tinha espectadores nem viu um passarinho que esfomeado, truca!: abre o bico e lá se foi o grãozinho sem ter tempo de nem ai nem ui.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Memórias de uma semana de cão*

(Dog speaking here*)

Dia 1 (5ª feira 9 de Abril): Ói??, a minha dona a passear-me a esta hora da manhã? Isto não é normal! Que fixe!
Hmmm, nunca tinha reparado no cheirinho que estas flores emanam logo pela manhã, que boa ideia dona, que fixe, que fixe, és a melhor dona do mundo!

Dona? Então vamos para casa outra vez? Ah, percebi, vais beber cafezinho. Hmm, está bem, vamos lá, mas olha que estou ansioso de ir para casa da avó que eu e o Ramika ontem ficámos a meio de um jogo muito giro!

Dona...? Dona?? DONA!!! Olha D. dona, vou ficar aqui a gritar até me ouvires, ouviste? Esta brincadeira não é gira, nada gira, nada nada!
Ou então.. será que não é brincadeira? Dona...! Esqueceste-te de mim? Dooooooooooonaaaaaaaaaaaaaaa!!!

Hmmmm, porque é que ela... hei! Hei!! Anda cá! Destranca a porta! Consegues ouvir-me? Anda cá, onde é que te enfiaste? Vou ficar aqui a chamar por ti até me ouvires!


(Depois de almoço...)
Dona.. onde é que vais agora? Não me digas que vais outra vez sair. E eu? Não tenho direito? Ai é? Vou entrar aqui nesta dispensa e procurar uma ferramenta para conseguir abrir a porta. Eu sei onde o dono guarda as coisas, eu vejo.. Ah pois é, vocês pensam que eu estou a dormir sossegadinho mas eu vejo tudo!

Ei... EI! SOCORRO! A porta fechou-se, tirem-me daqui, tirem-me daqui, tenho medo do escuro, socorro!

»Mete-se o fim-de-semana da Páscoa»

Dia 2 (Domingo de Páscoa): Olha... onde será que vamos? Neste carrito? Eles vão todos aperaltados, deve ser coisa importante deve.
Ai dona, esse perfume cheira muito, prefiro quando não pões nada, cheiras melhor, a sério. Mas eu gosto de ti na mesma. És uma dona muito linda, até me fizeste um corte de cabelo giríssimo e depois deste-me um banho que eu detesto mas eu sei que é para meu bem, eu sei, mas detesto! Detesto, detesto, detesto!

Ó donos.. onde é que vocês vão? Quem é este que eu não gosto nada porque nunca me faz festinhas? Que ... que sítio é este? Ei!! Ei, estão a ouvir? Não me deixem aqui fechado. Vá lá... levem-me com vocês...
Ai é? Não me ligam? Não me ouvem? Vou puxar por estas coisas aqui de lado, vocês põe sempre isto e qundo saem do carro tiram, por isso se eu tirar devo sair daqui, não é?

Bolas, estou farto de roer isto e o carro não se abre.

Ei, alguém me ouve? Socorro! Quero ir ter com os meus donos! Quero ir fazer xixi! Ei!!

Ninguém me ouve, é melhor roer mais, pode ser que consiga sair mais depressa.

Olha..., olha são eles! Boa, já não preciso roer mais, já posso estar aqui sossegadinho que eles estão a chegar.

Donos!! YES! Que fixe, chegaram, vocês ouviram-me! Não precisei roer aquilo tudo até ao fim!
Errrr... mas.. mas... porque é que estão a ralhar comigo? Eu pensava que se saía daqui se tirássemos isso.

Dia 3 (2ª feira 13 de Abril): Não sei porquê mas hoje já não tenho a casa toda para mim.
Mas como raio vou eu entreter-me? A piada estava em estar à porta de casa a gritar para a minha namorada me ouvir. Agora como é que ela me vai ouvir? Vou ter que gritar ainda mais alto. Estes meus donos não percebem nada.

Espera lá, porque é que ela virou a toalha para cima da mesa. Ah... estou a ver, deixa-me aqui a falar para o boneco, vai embora e ainda me esconde alguma coisa boa.
Isso é que era, não me chamassse eu Pootchie Nunes.Vou já ver o que é que está ali em cima da mesa.
Ups... ai ai ai... ela vai aborrecer-se. O cinzeiro. A caixa do pão. Opá... vai achar que sou um trapalhão. Quando ela chegar a 1ª coisa que vou dizer é que foi sem querer!

Olha, veio a casa comer. Acho que não está muito aborrecida, felizmente! É que foi mesmo sem querer. Ela é tão compreensiva... Boa! De tarde vou ajudá-la. Vou ver se consigo tratar de outras coisas cá em casa, como ... o lixo!

Dia 4: Esta dona... um cão a ajudar como pode e ela dificulta tudo. Tentei dizer para não perder tempo com o lixo que eu levava mas ela prefere assim, tudo bem. Vou ver o que posso fazer com estas caixas de cartão.

Dia 5: Hoje estou cansadito. Desculpa lá dona mas não te consigo ajudar em nada! Vou ficar aqui a descansar que chamar tanto por ti cansa, parece que não mas cansa. Já estou rouco!

Dia 6: Hoje também estou cansadito. Porque é que ela fecha a porta da cozinha? Deve achar que é muito engraçado ficar aqui fechado, deve. Aqui não tenho nada para fazer!
Vou ali fora. Caraças, como raio é que isto se abre? Eles põem a mão, puxam e.. já está ! Oh yeah! Afinal abrir portas é fácil, como é que não tentei isto antes? Que delícia, vou ali para ao pé da porta dizer a todos que estou crescido e já sei abrir portas!

Dia 7: Olha, ela fechou a porta outra vez, deve ter-se esquecido que já aprendi a abrir.Ou então é um jogo! Que giro, é isso, é um jogo!
Este jogo tem regras diferentes. Assim não vale, dona! Fizeste batota, trancáste a porta, assim não vale, esta brincadeira já não é gira!
Doooooooooooooonaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! (Ai que já estou a ficar cansadito. Se for bem a ver já não sou propriamente novo. Mas esta dona acha que sou um jovenzinho, é? Já nem consigo ouvir a minha voz!)

»Mete-se o fim-de-semana«

Dia 8 (2ª feira 20 de Abril): Óh dona, donaaa??!! Mas isto agora é todos os dias? Então agora fico aqui neste espacinho minúsculo que nem dá para me coçar, aqui sozinho à tua espera? Se isto é gostar de mim vou ali e já venho.
Já que não me ligas vou beber qualquer coisa, estou com sede.
Vou fazer sumo. Ouviste dona? Vou fazer s-u-m-i-n-h-o!

(Ouço a chave da dona na porta. AI como lhe vou dizer que correu mal?)

Sabes dona, sabes, sabes? Sabes? Dooona... Ai que nem imaginas, fez tanto barulho, isto é pesado, eu não sabia, ai que me assustei tanto dona... E agora... ainda tentei limpar isto tudo mas não encontro os panos. Ó dona... desculpa. Não, não. Não me cortei nem nada e o sumo assim é tão doce, blergh, não gostei, mas... deeeeescuuulpaaaa, não queria fazer isto. Desculpa sim? Desculpa... Desculpa, desculpa.
Eu ajudo-te a limpar... dona?? Banheira? Nãããão! Tu sabes que eu detesto! Ainda por cima a frio? Fogo! Estás mesmo aborrecida, isto é tortura, há leis dos direitos dos animais! Vou fazer queixa! SOCORRO!!

Uff, foi rápido. Eu ajudo-te a limpar, sim? Vá lá, deixa-me ajudar, deixa!

Olha que lindo que ficou! Adoro-te dooona!

E agora de tarde vou preparar um leitinho para o dono para quando ele chegar ver que me portei bem.
Ups. Porque é que isto está a esguichar por todos os lados...???





*Versão da dona neste post: Memórias de uma semana de cão (Versão da dona) [http://historiascommemoria.blogspot.com/]