quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Imaginário XLVI

Ela só o conheceu a ele. Nunca pôs a hipótese de que as coisas fossem diferentes. A vida não era fácil mas - vá lá - não passavam dificuldades. Dedicava-se ao marido, ao filho, à casa, ao emprego. Se vivesse assim para sempre morreria feliz. 
Mas as coisas foram diferentes e um dia ele decidiu que ela não era suficiente na sua vida, que queria mais,mesmo que não soubesse o que "mais" era.
Naquele momento ela viu anos da sua vida irem pelo cano, despejados por um desconhecido. Afinal ela não conhecia o homem que tinha escolhido para seu companheiro, pai do seu filho e dos que poderiam vir. Pior que isso: desconhecia-o totalmente.

Ele só a conheceu a ela. Pensou ser feliz com ela. Ela fazia-o lembrar-se das mulheres da sua terra, lá no interior: dedicada à casa, ao marido, ao filho, capaz de suportar qualquer coisa calada. Ele conheceu outra pessoa. Era paixão que violentava a razão. Largou tudo por outra pessoa. Era a nova vida, o sonho. O sonho que depressa se tornou um pesadelo. tudo o que largou e despejou por um cano tinha ido. Até a mulher que até certa data era a única que ele tinha conhecido. A mulher que o fazia lembrar as mulheres  da sua terra e que independentemente do que ele fizesse o aceitaria de volta. Afinal ele não conhecia a mulher  que tinha escolhido para companheira, mãe do seu filho e dos que poderiam vir. Pior que isso: desconhecia-a totalmente.

... e só eles sabem como viveram depois disto. Fim.