segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Imaginário XIII

Entrei na cozinha. Já atrasada. Muito atrasada.

Lavei as mãos a correr. Peguei no avental ao mesmo tempo que abri o frigorífico e enquanto uma mão tirava o que ia precisar a outra ia enfiando o avental pela cabeça abaixo.

Estava com aquela sensação que faltava qualquer coisa. Revi mentalmente a receita a que já me habituei a fazer olhando para o balcão. Não... tudo a postos. Assim de repente não faltava nada.

Arranjei, cozinhei, preparei. Sempre com a sensação de que faltava alguma coisa. Servi. Sempre a pensar no que faltava.

Servi. Comi. Comemos. Afinal, estava ali. Era para se comer. Antes que ficasse frio. Comemos. Comemos até ao fim. Comemos, repetimos, e sem nos saber bem não nos soube mal.

No fim não soubémos dizer o que faltou. Faltava qualquer coisa. O travo foi diferente, que foi.

Estava lá tudo mas faltou qualquer coisa.

(19 Outubro 2007)